1. |
BEBÉ NESTLÉ
03:14
|
|
||
filho da lei, das manifs no café e de um bebé nestlé
atei a corda ao pescoço, já não sei se sei ser punk até ao osso
ego de mimo e nabiça construtor do ministério da preguiça
tão faminto que quando se aperta o cinto a barriga mal se vê
despi o fato de astronauta vesti o de caçador
troquei o cartão de estudante pelo de empreendedor
mal juntei guito comprei a enciclopédia do saber
mas já não sei ler
ando sempre por ali mas nunca vi o rui no rivoli
orgulhoso cognome de teimoso que não sangra do nariz
e a família só chateia, o coração está na crimeia
se estou feliz compro mobília do ikea no olx
|
||||
2. |
BUÉDA AMOR PARA DAR
05:13
|
|
||
não gosto de vida simples
não me dou bem com o stress
a inércia não fascina
e o trabalho não esclarece
nunca sei o que me apetece
pus a jeito o desconforto
nem comprei um bom colchão
mal me sento estou nervoso
já estou como diz o outro
é só inquietação
o realismo mata sonhos
o optimismo nada faz
isto só pode ser o fim
tenham pena de mim
já chega que eu sou capaz
nem sei quem encontrei entre o pó de milhões
os pés rumam para norte, 10 maratonas depois
a overdose de vento já tomou decisões
e os amantes da esquila serão todos leões
vão fazer surf no escuro, numa prancha roxa
e usar caleidoscópios para lavar a loiça
vão içar uma bandeira por cada memória
e aconchegar os sonhos em ombros e histórias
e sem medo
do que vier
vão massajar
a esquila
com o nariz
e rugir-lhe
ao ouvido
"quero ter putos contigo"
só me resta o desafio
de navegar com o coração
mas estou sem pasta para o navio
fui barrado na cancela
amor pobre vai de vela
a cabana lá ruiu
mas ainda dá para concertar
não me vão quebrar assim
tenho buédamor para dar
|
||||
3. |
QUERO SER UM ECRÃ
04:03
|
|
||
e a vida, a morte, em fotos no ecrã
os dias compridos e os olhos no ecrã
o mundo perdido, achado no ecrã
quero ser um ecrã
e os sonhos dos outros cumpridos no ecrã
o monstro do visível escondido do ecrã
quero ser um ecrã
e as balas que nunca passam do ecrã
a força dos gritos, regulável no ecrã
as lendas e os mitos, imortais no ecrã
quero ser um ecrã
medos e incertezas no armário do ecrã
celulite e flacidez no ginásio do ecrã
quero ser um ecrã
e é sempre verão no ecrã
e os corpos estão sempre nús
e há tantos gatinhos no ecrã
e sushi
e bolinhos
e coisas boas
|
||||
4. |
E SE O DIABO QUISER
05:10
|
|
||
e se o diabo quiser
podes crer que vou lá ter
é só dizer-me onde é
que eu já tenho gps
mas hoje não me apetece
vou alapar no sofá
e se o diabo ligar
diz-lhe onde vou estar
5ª vou à favela
mas 6ª fico com ela
e se o diabo insistir
diz-lhe que não vou fugir
ele que tente outra vez
antes o nada que o céu
antes os cornos que as asas
antes o chão que a parede
antes a cana que a rede
antes ao mar que à corrente
antes a forca que o centro
antes cowboy que toureiro
antes pavão que carneiro
|
||||
5. |
SACAPLICAÇÃO
04:30
|
|
||
e se amanhã eu não souber o que fazer
sacaplicação
e se amanhã eu não souber se vai chover
sacaplicação
e se amanhã eu não conseguir afinar
sacalicação
e se amanhã eu não puder desligar
e se amanhã eu não tiver para onde ir
sacaplicação
e se amanhã eu não souber mais sorrir
sacaplicação
e se amanhã eu não souber quem devo ser
sacaplicação
e se amanhã eu não quiser mais saber
sacaplicação
e se amanhã eu não tiver tesão
|
||||
6. |
POLÍCIA DO BOM GOSTO
03:42
|
|
||
não sei
de onde vem
nem vou
tentar estancar
levarei a carta a garcia
sem ter uma epifania
tenho ócio
para vender
declarei amor profundo
a um drama de primeiro mundo
tenho ódio
para trocar
sou corpo desta missão
ergo a voz como um bastão
ó senhor agente, mas o que é que eu fiz?
ora bem, por onde é que quer que eu comece?
execução mediana
desafinação de vários elementos
resquícios de energia adolescente e até mesmo pubertária
paletes de cores gastas
falta de sublimação
desrespeito pelo ensinamento dos mestres
infantilidade
preguiça
claras falhas técnicas
incoerência
isto não tem jeito nenhum
esta juventude não tem salvação
trovadores de peito inchado
que desprezam o passado
sem nenhuma simpatia
pela voz da academia
devotos ao niilismo
estão à beira do abismo
assistiremos ao velório
deste culto aleatório
esta praia não é minha
e a brisa deste mar deixa-me indisposto
a rotina é a ruína do polícia do bom gosto
o meu universo é infinito
sorrio com desdém de quem afirma estar noutro
a peneira é a cegueira do policia do bom gosto
no reino das linhas rectas
o rei das linhas tortas tem de ser deposto
a rotina é a ruína do polícia do bom gosto
encontrei o meu caminho
passa a ser inimigo quem segue em sentido oposto
o medo é o segredo do policia do bom gosto
|
||||
7. |
FADA
04:11
|
|
||
uma fada
desonrada
na balada
caprichada
aflita, regurgita, não faz fita que isso irrita
lá dizia
que fazia
uma orgia
que parecia
a fadiga duma briga na barriga inimiga
e no leito
do seu peito
mais um feito
foi eleito
o coração não ganha pão e pela mão depravação
interessado
no rebuçado
um bocado
degradado
rebentado pelo passado, desmembrado cerebral
fada trata, mata, ataca à faca na cloaca
respira, tira a mira, amiga siga o que te diga
brasa, arrasa a casa nessa peça repossessa
foca a troca oca, abusa e usa a sua musa
|
||||
8. |
INTERDEPENDÊNCIA
14:09
|
|
||
só preciso de alguém
que faça roupa e sapatos
que faça escovas de dentes
que faça giletes e pentes
que faça tudo o que preciso
para só ter de comprar
só preciso de alguém
que me diga bom dia
quando passa por mim
e que me sorria
no meio da multidão
só preciso de ti
só preciso de tudo
só preciso de alguém
que nos empreste um ride
para que a bateria
não soe a latão
só preciso de alguém
que me ajude a escolher
o melhor dos meus sonhos
e o melhor dos meus fatos
só preciso de ti
só preciso de tudo
só preciso de alguém
que me saiba ler
e me queria ajudar
com palmadas nas costas
e chapadas na cara
só preciso de alguém
que escolha o destino
quando tiro férias
de tomar decisões
só preciso de alguém
que me indique o caminho
que eu não me oriento
mesmo nada bem
só preciso de alguém
que me diga as horas
que eu nunca sei
a quantas ando
nem por onde ando
nem para onde vou
nem para onde quero ir
nem para onde devo ir
só preciso de ti
só preciso de tudo
só preciso de alguém
que esteja aqui
mesmo aqui
mesmo mesmo aqui
e que saiba
o que estar aqui
significa
só preciso de alguém
que tenha paciência
para ouvir esta merda
toda até ao fim
só preciso de alguém
que me saiba dizer
quanto tempo mais
vamos ter de fingir
que podemos viver
um sem o outro
só preciso de alguém
que esteja aqui
mesmo aqui
mesmo, mesmo aqui
e que saiba
o que estar aqui
significa
só preciso de ti
só preciso de tudo
só preciso de alguém
que tenha a lata e audácia
de olhar um buraco
e ver uma saída
só preciso de alguém
que me conheça
e respeite a paz
que por vezes preciso
para poder preparar
os meus feitiços
para esticar o tempo
só preciso de alguém
que escreva bem
ou pelo menos que escreva
sobre nós
só preciso de alguém
que veja cor no cinzento
e escolha o sol da partilha
na sombra do mistério
só preciso de alguém
que tenha paixões
transparentes
e cativantes
para que nunca me esqueça
de as ter também
só preciso de alguém
que arregace as mangas
e se mostre capaz
de criar uma voz
que me faça sorrir
que me faça chorar
que me faça viver
que me faça sonhar
que me faça crescer
que me faça pensar
que me faça sentir
menos sozinho
neste mundo
ou noutro qualquer
|
Baleia Baleia Baleia Portugal
Dupla formada por Manuel Molarinho (baixo e voz) e Ricardo Cabral (bateria). "A meio caminho entre o pop rock sem vergonha e um punk mais vibrante e soalheiro, os Baleia Baleia Baleia pegam nos elementos mais alegres e coloridos que o rock alguma vez engendrou, agitam-nos numa garrafa com gasosa e tiram a tampa para molhar toda gente." André Franco (Tracker) ... more
Streaming and Download help
If you like Baleia Baleia Baleia, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp